terça-feira, 20 de dezembro de 2011



by @clauxx_



















Addicted To You










O garoto de, agora, 20 anos cambaleou pela rua tentando localizar o local em que se encontrava. Depois de seis meses “limpo” ele estava novamente perdido naquela realidade distorcida. Olhou para aquelas ruas tão conhecidas pelas quais vagou em estados as vezes pior ao que se encontrava por mais de um ano. Ruas que ele abandonara a cerca de seis meses. Ruas que eram testemunhas de sua destruição e cúmplices de uma paixão.

Sem forças para continuar a busca que ele sabia ser inútil deixou seu corpo cair pela calçadas, e suas costas se chocarem contra a parede fria. A garganta seca ardia, os olhos vermelhos não apenas pelo uso abusivo da droga, mas pelo choro continuo das ultimas três noites, o coração acelerado num ponto que parecia surreal. Nathan não sabia o que era pior, o estado deplorável em que se encontrava, ou o que o levara a esse estado.





Com a pouca luminosidade no local e a musica incrivelmente alta era pouco provável que Nathan fosse encontrar seus amigos no ambiente. Continuou abrindo espaço entre as pessoas e buscando por qualquer conhecido. E nessa tentativa ele quase derrubou uma das garotas que estava naquele circulo de meninas para onde todos olhavam.

“Olha por onde anda idiota” ela gritou irritada se virando para ele.

“Desculpa” respondeu assustado com a reação tão agressiva da garota

“Como se isso fosse resolver” retrucou, ainda irritada. Só então Nathan percebeu que molhara a garota.

“Não foi minha intenção. Se tiver algo que eu possa fazer...” deixou a frase mo ar tentando se desculpar a garota que não parecia bem humorada, até ouvir a frase final

“Claro que tem” falou, um sorriso sacana se abrindo em seus lábios. “vai comprar bebida pra mim” sorriu mais ainda.

“Me acompanha?” Nathan perguntou retribuindo o sorriso.

“Hey , aonde vai?” uma das garotas que estava ali perguntou.

“Pegar bebida J” respondeu “e não acho que eu volto” falou lançando um olhar nada inocente para cima de Nathan. “vamos?” perguntou mordendo os lábios e pegando Nathan pela mão, o direcionando ao bar.

“Então.... , o que vai querer?” perguntou se encostando no balcão e virando o corpo na direção da garota. Agora com a luz proveniente do bar ele analisou a garota de cima a baixo e se antes ele tinha intenção de encontrar seus amigos, ele acabara de perde-la.

“Porque não pulamos isso e vamos logo ao que interessa?” perguntou se aproximando do garoto que sorriu”

“Direta você, uh?” perguntou puxando a garota pela cintura.

“Impaciente” corrigiu antes de chocar seus lábios contra os dele





A lembrança daquele dia não ajudou em nada na situação em que ele se encontrava. Se possível, apenas a piorou. Naquele dia ele havia colocado o primeiro pé na estrada que o levara até ali.

Gota por gota, uma chuva leve começou a cair, e ele desejou com todas suas forças que ela lavasse sua vida, sua alma. Porém, ao mesmo tempo, a idéia o aterrorizava. A idéia de uma vida em que tudo aquilo não existia o perturbava. Ou melhor, a idéia de uma vida na qual não fazia parte era demais para ele suportar. Ele simplesmente não existia sem ela. Se esquecera como era a vida antes dela, e agora já não poderia voltar a viver sem ela.





“Onde você vai Nathan?” Jay perguntou vendo o colega de banda arrumado e pronto para sair.

“Sair com a ” respondeu pegando as chaves de casa
.
“Mas não saíram ontem?” Jay tornou a perguntar curioso e Nathan revirou os olhos.

“Deixa o garoto James” Siva saiu em defesa.

“Tchau” Nathan falou abrindo a porta.

“Não esquece a camisinha” Tom gritou do quarto fazendo Nathan rir antes de sair de casa. Algo simplesmente lhe dizia que camisinha não seria problema, e não era porque ele não tinha intenção de ir pra cama com o garota.

Aproveitando da hora calma, o garoto usou o metro e logo já estava na porta da sorveteria onde marcara de encontrá-la. Olhou ao seu redor buscando-a, e a encontrou já dentro da sorveteria, sentada na mesa com uma das mesmas garotas da balada. Sorriu antes de abrir a porta e andar na direção delas.

“Estou muito atrasado?” perguntou se aproximando da mesa, e elas levaram alguns segundos antes de notarem a presença dele ali.

“Claro que não” falou se levantando e indo na direção do menino que a abraçou.

“Ele, ?” A morena perguntou arqueando a sobrancelha.

“Ele !” ela respondeu revirando os olhos “eu te falei, não? Você que não quis acreditar” completou voltando a se sentar. Nathan ocupou a cadeira vazia ao lado da garota.

“Hm, oi?” Nathan perguntou confuso, sem entender a pseudo-discussão entra as duas amigas.

“A não acreditou quando eu disse que estava saindo com você” ela falou dando de ombros, e Nathan se virou para a morena.

“Sério? Porque?” perguntou curioso.

“A não parece ser seu tipo de garota” falou dando pouca importância. “mas eu tenho que ir, tchau. E bom encontro” falou se levantando e saindo.

“Porque você não seria meu tipo de garota?” Nathan perguntou depois que a garota saiu.

“Tem coisas sobre mim que você não sabe, Nathan” a garota alertou e ele apenas riu.

“Eu gostaria de conhecer tudo sobre você” falou se aproximando dela que não pode deixar de sorrir com o comentário do ficante.

“Talvez você não goste do que vai encontrar por trás das roupas de garota revoltada” ela voltou alertar, mas mais uma vez ele fez pouco caso.

“Duvido muito” respondeu enfim juntando seus lábios. Ela sabia que deveria afastá-lo, mas o egoísmo e o orgulho falavam mais alto que sua razão, e ela não o fez.





Talvez se ele tivesse dado ouvidos aos mil e um alertas que ela obviamente dera, provavelmente ele não estaria naquele estado.

Porém, ele não se arrependia em momento algum de ter se tornado cada vez mais próximo da garota. Ele não se arrependia de nada do que tinha feito.

Na realidade, a única coisa da qual ele se arrependia era algo que ele não tinha feito. Ele não tinha sido rápido e nem forte o suficiente para ajudá-la e salva-la.





“Você sabe que não deveria fazer isso, não é?” Nathan perguntou ao ver tragar mais uma vez.

“Eu te avisei que talvez você não gostasse do que ia encontrar” ela retrucou revirando os olhos.

“Mas...” começou suspirando logo depois. Ele sabia que não ia adiantar criticar a garota. Ao invés de fazer o que deveria, ele apenas se sentou ao lado dela.

“Você não deveria estar aqui” ela falou levando o baseado mais uma vez aos lábios.

“Eu sei” ele respondeu somente, mas não deu sinal algum que de que iria sair dali.

“Porque você esta aqui?” perguntou meio irritada. Será que ele não entendi que ficar perto dela só o faria mal?

“Porque eu quero ficar com você” respondeu puxando o rosto dela para que o encarasse “Você não entendeu?” Eu não me importo onde, ou como. Eu só quero estar com você. Seja lá o que eu precise fazer para isso” falou e ela fechou os olhos.

“Você não deveria falar isso Nathan” ela murmurrou.

“Não tem nada que você possa falar ou dizer que vai me fazer me afastar” ele acrescentou, e ela abriu os olhos.

“Você esta entrando num labirinto sem saída, não deveria fazer isso” falou se afastando do menino.

“Não” ele tornou a trazê-la para perto.

“É serio, Nathan. Eu não quero ser a culpada por trazer mais uma pessoa pra isso, a Jerlaine já foi o suficiente” falou tentando fugir dos braços do garoto.

“Eu já estou nessa” ele falou “Eu estou preso a você, e não tenho mais como me afastar. Lide com isso” ele respondeu a segurando com mais força. “E não vou tentar me afastar” completou fazendo a garota parar de se debater nos seus braços.

“Você não deveria...” ela começou, mas sua frase foi cortada ao meio pelos lábios dele contra os seus.

“Cala a boca, e sem sermões” ele falou rindo.

“Sem sermões” ela repetiu rindo junto com ele.

“Posso?” ele perguntou esticando a mão para tirar o baseado da mão dela, mas ela apenas o afastou. Apesar de tudo, ela ainda tinha um pouco de bom senso.

“Não hoje” falou, e eu revirou os olhos.

“Sério?” perguntou contrariado e ela riu.

“Sério!” finalizou





Quase dois anos depois daquilo e ele ainda podia ouvir a voz de ressoando em seus ouvidos o mandando se afastar.

Dois anos depois e ele agora se perguntava o que teria acontecido se ele tivesse se afastado.

Onde ele estaria agora? E ela? Aonde ela estaria agora?

Ao que as primeiras lagrimas se misturaram a chuva ele agradeceu por não ter se afastado. Se ele o tivesse feito, ela provavelmente nunca teria chegado até onde chegou.





“Onde você estava?” A voz de Max foi a primeira coisa que Nathan ouviu ao passar pela porta.

“Com a ” respondeu fechando e indo em direção a cozinha “Tem comida?” perguntou sem esperar por uma resposta e já abrindo a geladeira. Ele precisava urgentemente comer.

“Nós temos entrevista amanha logo cedo, você não deveria ficar na rua até tarde” Max falou enquanto Nathan pegava um pouco do macarrão que tinha ali e o punha no prato.

“Não enche” respondeu rindo “Eu só estava com ela. Amanha eu faço a entrevista e pronto” falou num tom irônico.

“O que você estava fazendo Nathan?” Max perguntou preocupado, Nathan não era assim.

“Eu estava com a minha namorada, já disse” respondeu voltando a comer.

“Nathan...” Max tornou a chamar e o menor rolando os olhos o encarou “PUTA QUE PARIU NATHAN” Max gritou assustando o mais novo.

“O que aconteceu?” Tom perguntou aparecendo a porta, obviamente tendo sido acordado pelo grito de Max.

“Pergunta pra ele.” Nathan falou dando de ombros e colocando o prato na pia. “Boa noite” ele falou saindo da cozinha.

“O que aconteceu Max?” Tom tornou a perguntar para o colega que encarava estático a porta por onde Nathan acabara de sair.

“Eu acho que o Nathan esta usando drogas” Max falou e Tom riu.

“Acho que alguém esta precisando dormir” Tom brincou.

“É serio, Thomas” Max tentou, mas Tom apenas riu.

“Claro, claro.” Falou dando as costas “eu vou voltar a dormir. E acho que você deveria fazer o mesmo” Tom falou antes de sair da cozinha, deixando Max ali.

Nunca na vida Max quis estar tão errado sobre algo, mas ele simplesmente sabia que dessa vez ele acertara.





Cansado de esperar por alguém que ele sabia que já não ia mais aparecer, Nathan se levantou e voltou a caminhar pela rua. Dessa vez seu objetivo era outra pessoa.

Alguém que ele sabia estar ali em algum lugar, alguém em que ele sabia que iria encontrar algum apoio. Alguém que provavelmente estava num estado tão deplorável quanto o seu.

Continuou caminhando, inconsciente de que seus pés o levavam para o tão conhecido apartamento.





“Você esta bem?” a voz de soou ao seu lado e Nathan parou de se concentrar na batida do seu coração, para prestar atenção na garota ao seu lado.

“Porque não estaria?” perguntou se virando no sofá e abraçando a menina.

“Não sei, você esta quieto” ela respondeu.

“Hm. Estava tentando contar as batidas do meu coração” respondeu fazendo a garota rir.

“Porque?” perguntou.

“Sei lá, é divertido. Eu gosto dele assim, acelerado do jeito que fica quando...” ele falou mas deixou sua voz morrer.

“Quando?” ela perguntou.

“Quando a gente usa” ele respondeu desviando o olhar “e quando a gente transa” completou voltando a encará-la.

“Eu também” ela respondeu juntando seus lábios aos dele. “Eu queria tentar uma coisa” continuou descendo os beijos para o pescoço dele.

“Você esta falando sério?” perguntou fechando os olhos e encostando a cabeça no encosto do sofá.

“Sérissimo” ela respondeu, passando uma perna por cima dele, de modo a ficar com uma de cada lado do corpo do garoto.

Suas mãos subiram pelo peito dele levantando a camiseta a qual foi atirada em qualquer parte da sala.

Nathan segurou com mais força na cintura da garota, conforme ela desabotoava botão por botão de sua própria camisa. Nathan acompanhou com o olhar, enquanto a mão da garota deslizava por sua blusa, e estava agoniado com o tempo que ela estava levando para cumprir a ação.

Assim que a blusa dela também fora jogado no chão da sala, ele a puxou pela nuca, invadindo, quase que agressivamente, a boca da menina, que retribuiu o beijo com fervor.

Logo, Nathan estava por cima do corpo de , que estava deitada no sofá. Ambos com apenas a peça intima separando seus corpos.

Nathan desceu os beijos pelo pescoço dela, intercalando-os com mordidas leves. Ao mesmo tempo, ela desceu aos mãos pelo corpo dele e começou abaixar a barra de sua boxer, para logo em seguida tirar.

Agora, a única coisa que os separava de fato, era a peça intima que ela ainda usava, mas que Nathan, em sua impaciência, não tardou a tirar.

Num movimento rápido, ele a penetrou e ela gemeu, o fazendo gemer junto.

Se antes o ato de respirar já era difícil pelo uso da Cocaina, no momento era quase que impossível. E nenhum dos dois conseguia puxar oxigênio necessário para o organismo. Mas nenhum dos dois jamais ousaria parar aquela deliciosa experiência.

Naquele momento nenhum deles sobrevivia de oxigênio, ou do vicio. Ambos só precisavam um do outro. Exatamente como estavam.





Nathan podia sentir o corpo de contra o seu, os beijos, as mãos correndo apressadas por todo o corpo.

E isso o estava enlouquecendo. Saber que ele era capaz de sentir seus toques com precisão numa fantasia, o enlouquecia. O enlouquecia saber que aquele era o único jeito de senti-la de novo; numa fantasia, numa lembrança.





“ONDE VOCÊ ESTAVA?” Jayne gritou assim que Nathan cambaleou pela porta do apartamento que ele dividia com os amigos.

“Não grita” ele falou, colocando a mão na cabeça, que latejou.

“Aonde. Você. Estava?” Ela falou pausadamente, a irritação mais do que visível na voz.

“Eu avisei” Max falou segurando o garoto que tropeçou.

“Responde” Jayne tornou a falar e Nathan puxou seu braço desvencilhando de Max.

“Me deixa” falou apoiando na parede tentando manter o equilíbrio.

“Você tinha um show ontem a noite, se lembra?” Jay perguntou voltando a segurar o garoto, que mais uma vez se desvencilhou de um dos amigos.

“Foda-se” ele respondeu. Dessa vez indo até o quarto e fechando a porta.

Cambaleou até o guarda roupa buscando no meio das roupas a droga que ele havia deixado ali. Porém, não importava quantas roupas ele jogasse para fora do guarda roupa, o pó simplesmente tinha desaparecido.

Fechou os olhos irritado, ele não deveria ter deixado isso em casa. Principalmente porque ele sabia que precisaria dela pela manha.

“ONDE ESTA?” gritou saindo do quarto e berrando com os amigos que ainda estavam na sala, apenas esperando que ele voltasse.

“Você achou mesmo que a gente não descobriria?” James perguntou irônico.

“ME DA AGORA!” Nathan voltou a gritar indo na direção do amigo, mas foi segurado por Tom. Se debateu contra o amigo, mas Thomas era muito mais forte que ele.

“Porque?” A voz de Siva era racional, mas se notava a magoa e a preocupação ali.

“ME DA” Nathan tornou a se debater contra o corpo de Tom, e por mais que não quisesse machucá-lo, Tom não o soltou.

“Só explica o porque disso Nathan” Max pediu se aproximando do amigo.

“Vocês não entenderiam” ele se deu por rendido, parando de lutar contra Tom, que por segurança o manteve preso.

“É ela, não é?” foi Jay que perguntou, e os olhos de Nathan se tornaram vermelhos de raiva.

“Tudo que eu fiz, ou deixei de fazer é decisão minha. Ela não tem nada com isso” Nathan defendeu, sabendo que aquilo em parte era mentira. Sim, fora decisão dele, mas houve influência por parte de . Mas isso era algo que ele jamais admitira em voz alta para os amigos.





Ele subiu as escadas devagar tentando não cair, ou se confundir com os degraus, mas tropeçou diversas vezes. Agora já não era mais a droga que anuviava seu cérebro, mas sim as lágrimas, e as lembranças constantes que o assombravam. Logo ele já estava na porta do apartamento. O numero ‘16’ reluzia a sua frente, e –se possível- o nó na sua garganta aumentou.

Se ele não tivesse se atrasado. Se ele tivesse prestado mais atenção. Se ele tivesse se esforçado um pouquinho mais.

Mas eram apenas “e se”.





“Você tem que ir buscar ela” Nathan implorou com a voz chorosa, mas Jay apenas balançou a cabeça.

“Ela não quer vir” ele respondeu e Nathan choramingou de novo.

“Eu não posso deixá-la sozinha” tentou de novo, mas o amigo não cedeu “eu também não queria vir, mas vocês me forçaram.” Nathan tentou.

“Você é nosso amigo, e ela nós mal conhecemos” James justificou e Nathan o empurrou para longe.

“Ótimo, eu vou buscá-la” gritou saindo pela porta do quarto, mas sendo detido, por dois enfermeiros.

“Nathan, você não pode sair até estar bem” Jay tentou acalmá-lo, mas ele revirou os olhos.

“Eu não vou ficar bem sem ela.” Respondeu ao amigo. “Por favor Jay” pediu mais uma vez, e o amigo suspirou.

“Eu vou tentar” falou vendo um sorriso tomar conta do rosto do amigo “mas eu não posso prometer nada”





Ele era capaz de lembrar com perfeição a expressão de Jay ao sair dali, demonstrando o quão contrariado ele estava ao fazer isso.

Nathan também era capaz de lembrar o estado em que -enfim- chegara a clinica.





“Não foi culpa dela ” Nathan falou se virando para a garota, que também aos 18 anos, já estava internada na clinica pela segunda vez.

“Claro que foi” a menina retrucou.

“Ela tentou me afastar, me mandou ir embora e tudo. Eu não quis. A culpa foi minha” ele respondeu e a garota revirou os olhos.

“Todo homem apaixonado é assim?” perguntou revirando os olhos.

“Não é questão de estar apaixonado , é de ser realista.” Falou e mais uma vez a menina revirou os olhos, e assim que abriu a boca pra falar, ele a cortou “Sim, teve influencia dela, mas eu escolhi fazer isso. Pra estar perto. Foi minha culpa, não dela” ele falou finalizando o assunto.

“E quando eu vou conhecer a garota de que você tanto fala?” ela perguntou divertida, mas ele suspirou frustrado.

“Assim que o Jay conseguir trazê-la para cá” ele respondeu voltando a olhar para o jardim “eu vou entrar” falou se levantando “você vem?” perguntou e a garota balançou a cabeça.

“Não, eu gosto daqui, vou ficar mais um pouco” respondeu e ele deu de ombros.

“A gente se fala” falou andando em direção ao salão principal da clinica.

, assim como Nathan, acabara sendo arrastada para aquele mundo tão obscuro. A diferença é que ela estava a nessa a muito mais tempo que ele, e já tivera uma recaída, motivo pelo qual estava agora na clinica.

Assim que colocou os pés no coração ele sentiu o coração disparar. Ali na frente dele, estava , lutando contra dois enfermeiros e Jay.

” Nathan gritou fazendo a menina parar de se debater e encará-lo

“Foi por isso que você me deixou sozinha?” ela perguntou com a voz seca, sem um pingo de emoção “e ainda mandou seu amiguinho ir me buscar” falou irônica.

“Sim, e sim” ele respondeu se aproximando dela.

“SAI DE PERTO DE MIM” Ela gritou se forçando para trás e fazendo os dois enfermeiros cambalearem para mante-la presa.

...” ele tentou mais uma vez.

“EU NÃO TE PEDI AJUDA. EU NÃO QUERO AJUDA” ela tornou a gritar, seus olhos ardendo em raiva e lagrimas que não nasceram “EU SOU FELIZ ASSIM. EU NÃO QUERO VOLTAR A SER O QUE EU ERA. ENTENDEU? NÃO QUERO AJUDA” continuou gritando.

“Mas...” ele começou e desistiu de falar. “Você só esta muito drogada” tentou se convencer.

“Eu disse que você não me conhecia” ela respondeu, antes de se deixar ser levada pelos enfermeiros.

Nathan ficou parado ali, sem saber o que pensar disso tudo. Seu olhar encontrou o de Jay.

“Eu disse que ela não queria vir” Jay falou dando de ombros.

“Obrigado” respondeu abraçando o amigo.





Bateu a porta do apartamento esperando que estivesse em casa. Ele precisava de alguém que entendesse o que ele estava sentindo.

Bateu novamente, e nenhuma resposta.

Mais uma vez e dessa vez pode ouvir movimentação dentro do apartamento.





“Eu te disse que ia fazer bem” Nathan falou abraçando o corpo frágil de , que fechou os olhos.

“Não fez” retrucou baixo.

“Você esta melhor” teimou Nathan.

“Você não sabe o que esta falando” respondeu escondendo seu rosto no pescoço dele.

“Porque não?” perguntou a afastando para fazê-la olhar-lo.

“Porque voltou a doer” ela sussurrou se escondendo dele.

“Doer o que?” Perguntou assustado.

“Esquece” ela falou se levantando e se afastando dali.

” ele gritou indo atrás dela.

“Não Nathan” ela falou soltando seu braço.

“Fala comigo, para com isso” ele pediu e ela apenas virou o rosto.

“Nath...” ela falou baixo olhando para ele “Não tem nada que você possa fazer para mudar isso. Não tem nada que ninguém possa fazer pra mudar isso” falou se afastando “E eu já te fiz mal o suficiente” falou antes de realmente se afastar.





Mas o que não sabia era que não havia coisa pior que ela poderia fazer a ele era ter se afastado. Ela não tinha visto o quão dependente ele havia se tornado dela. Não havia visto que na realidade, o maior vicio dele não era da droga, e sim dela.

E esse era um vicio que Rehab nenhuma iria curar.





“Eu vou vir aqui todo dia” Nathan falou segurando o rosto de entre os seus.

Por mais que a garota pedisse, ele simplesmente não a podia deixá-la. E não a deixaria até que ela pedisse para ele se afastar porque ela não sentia mais nada por ele, caso contrario ele insistiria.

“Não precisa” ela sussurrou com pouca convicção.

“Precisa sim” respondeu “Promete que vai ficar bem?” perguntou juntando suas testas, ela fechou os olhos e engoliu em seco.

“Prometo tentar” respondeu, e eu sorriu.

Aproximou seus lábios dos dela, e os uniu. Ele pediu passagem, e ela concedeu. Ao contrario de todos os outros beijos, esse era calmo.

Ela se afastou e sorriu fraco para ele.

“Te amo” ele sussurrou.

“Eu também” respondeu.





Deixar sozinha na clinica, fora um dos mais difíceis para ele. Por seis meses aquela tinha sido a “casa” dele, a qual ele dividira com a garota dos seus sonhos.

Sim, ela tinha mil e um problemas, era usuária de droga, depressiva e mais mil outras coisas. Mas era exatamente a garota que ele sempre quis. Porque ele sabia que por trás de toda a imagem denegrida, existia uma garota frágil e sensível. E fora por essa garota que ele se apaixonou.

Nathan cumpriu sua promessa e voltou lá todos os dias que se seguiram durante o período de visitas.

Durante a última semana, ele estivera todo o tempo que lhe permitiam ao lado da garota, assim como ele prometera na Segunda-Feira anterior, quando o liberaram da reabilitação.

Mas não fora o suficiente.

Exatamente uma semana depois, ele viu seu mundo desmoronar de novo.

Exatamente uma semana depois, ele tinha se rendido ao vicio novamente. Porque agora ele entendia o que ela quisera dizer com ‘voltou a doer’, porque tinha doido nele.

Uma semana foi o suficiente para acabar com todos os sonhos e ilusões de uma vida que eles podiam construir juntos.

Mas foram necessários apenas 5 minutos para que ele não tivesse mais uma razão de viver.

E foram necessárias apenas 6 palavras para acabar com tudo.

A porta a sua frente se abriu, e ele mal esperou e deixou seu corpo de chocar contra o de , que amparou o menino.

“Nathan?” chamou, mas ele não respondeu. Seu choro agora incontrolável.

“Eu não posso mais” sussurrou se deixando ser carregado pela menina até o sofá da sala.

“Você não usou, usou?” ela perguntou, e ele apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo “Não, Nathan” ela gritou assustando o menino “A não ia querer isso pra você, não de novo.” Falou apressada balançando o menino.

“A esta morta” ele falou e a garota engoliu em seco, sentindo o coração apertar. Sim, ela sabia. Mas estava tentando fugir da realidade. Ela fora a primeira pessoa para quem ligaram quando encontraram a menina no quarto.

podia ouvir a voz do médico no telefone.

“Ela usou o traveserio e se asfixiou”

“Nathan, você precisa ser forte” tentou ampará-lo, quando na realidade, ela própria precisava de amparo.

“Dói demais” ele respondeu “faz parar” pediu fraco.

“Eu não posso” ela respondeu “Você precisa ser forte, precisa seguir em frente. Era o que a iria te pedir pra fazer” ela falou.

“Eu não posso” falou se afastando da garota “Não consigo” falou levantando e começando a caminhar pelo apartamento.

“Nathan” voltou a chamar, mas não adiantou. Nathan continua andando em círculos pelo apartamento, desesperado. Logo algo em seu campo de visão fez seus olhos brilharem, e ele avançou em direção ao objeto.

Era a solução de seus problemas.

“NATHAN, NÃO” gritou fazendo os outros do menino se desviarem para ela, enquanto fechava as mãos em torno do objeto. Levantou o braço. Aquilo era mais pesado do que ele imaginara, mas não faria diferença.

“Desculpa, mas eu não posso” ele murmurou antes de puxar o gatilho, e o último grito da garota foi abafado pelo barulho do tiro que Nathan disparara contra a própria cabeça.

O corpo bateu inerte contra o chão. Agora não havia mais dor. Não havia mais preocupações.


Fim